II Jornada Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA)
Nome
da Instituição: Universidade Federal de Goiás- Regional Cidade de Goiás- Campus
Areião
Período
do Evento: 15, 22, 23 e 27 de abril de 2015
Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto:
Acervo da Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária).
Ocorreu
nos dias 15, 22, 23 e 27 de abril, na Cidade de Goiás-GO, a II Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), promovida pela parceria entre
a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e
o Instituto Federal de Goiás (IFG) e protagonizada pelos movimentos sociais,
entre eles, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Movimento
Camponês Popular (MCP) e o Movimento Terra Livre (MTL). A Comissão Pastoral da
Terra (CPT), o Levante Popular da Juventude e entidades como o Comitê de Apoio
e Solidariedade ao Acampamento Dom Tomás Balduíno, a Escola Família Agrícola de
Goiás e Pastoral Universitária da Diocese de Goiás também participaram do
processo de construção dessa jornada.
No
primeiro dia da Jornada, a mesa, realizada na Universidade Estadual de Goiás
(UEG), Campus Cidade de Goiás e composta por Fábio José da Silva, coordenador
estadual da CPT, e Gilvan Santos, dirigente estadual do MST em Goiás, debateu o
tema “Reforma Agrária: Atualidade da luta pela terra no Brasil”. Fábio trouxe
um panorama a cerca do contexto político, econômico e social em que se insere a
luta pela terra no Brasil, fazendo referência a alguns pontos centrais, como a
predominância do latifúndio, as políticas de incentivo ao agronegócio, produção
de comodities, degradação humana e ambiental no campo, êxodo rural,
agricultores sem terra, criminalização política dos movimentos sociais e
fortalecimento da bancada ruralista e da bala no congresso. Fábio também fez
uma análise sobre o Caderno de Conflitos da CPT do ano de 2014, mostrando
claramente o crescimento dos conflitos no campo, no que diz respeito à luta por
terra e por direitos.
Em
seguida, Gilvan Santos trouxe alguns elementos sobre a realidade da Reforma
Agrária no Brasil: a utilização do poder judiciário em favor do agronegócio,
que é promovida pelo estado brasileiro; hegemonia dos defensores do agronegócio
dentro dos partidos; uso de agrotóxicos como base do agronegócio; saúde
pública; devastação ambiental; 70% da comida que vai para a mesa dos
brasileiros vêm da agricultura familiar; necessidade de se fazer o
enfrentamento do latifúndio e do agronegócio. No campo brasileiro, o momento é
de retomada, pelos movimentos sociais, das ocupações de terra, como o
Acampamento Dom Tomás Balduíno, ocupação de três mil famílias, na propriedade
de mais de 20 mil hectares do senador Eunício de Oliveira, que foi despejada em
março.
Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto:
Acervo da Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária). Da
esquerda para a direita, Murilo Mendonça Oliveira de Souza (UEG); Rafael
Moreira do Carmo (IFG); Vitor Sousa Freitas (UFG) e Regina Emos (UEG).
Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto:
Acervo da Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária). Da
esquerda para a direita, Luiza Helena Fonseca de Souza, aluna da Especialização
em Educação e Agroecologia da UEG; Fábio José da Silva, da coordenação estadual
da CPT; e Gilvan Santos, dirigente estadual do MST em Goiás.
No
segundo dia da Jornada, a mesa “Agroecologia e Reforma Agrária”, realizada no
Instituto Federal de Goiás (IFG), Campus Cidade de Goiás, contou com a presença
de militantes do MCP e do MST. O debate foi em torno do uso da agroecologia
para fazer o enfrentamento ao agronegócio, que utiliza-se de meios agressivos
ao ambiente e à vida humana para alcançar rendimento, como o uso de agrotóxicos
e transgênicos. A agroecologia vai além das técnicas de produção orgânica, ela
segue a lógica da produção familiar no campo, trabalhando com o social e com a
diversidade. Sendo assim, a lógica dos grandes latifúndios não se enquadra nas
perspectivas agroecológicas, pois empregam a monocultura, degradando o
ambiente, concentrando terras e riquezas, explorando o trabalho dos
agricultores e segregando e expulsando os camponeses. A necessidade da Reforma
Agrária no Brasil, portanto, vai além da redistribuição de terras, ela envolve
uma mudança estrutural da sociedade, no que diz respeito à valoração da vida
humana e do ambiente, do social em detrimento do capital.
Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto:
Acervo da Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária). Da
esquerda para a direita, Ana Cláudia Lima (IFG) e integrantes do MPA e do MST.
Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto:
Acervo da Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária).
No
terceiro dia da Jornada, na Universidade Federal de Goiás (UFG), Regional
Goiás/Unidade Santana, teve- se a composição de uma mesa predominantemente de
mulheres, com a Professora Maria Meire e com a Ana Lúcia, mulher camponesa e
dirigente nacional do MST, dialogando sobre o tema “Mulheres Camponesas e a
Luta pela Reforma Agrária Popular”. As narrativas apresentadas na mesa
trouxeram elementos do passado e do presente, estabelecendo uma relação entre o
histórico de luta das mulheres do campo dentro dos movimentos sociais, a partir
do resgate de Santa Dica, líder de um movimento social religioso iniciado na
década de 1920, e a realidade da luta das mulheres do campo hoje, mediante
relatos da própria mulher do campo, que traz consigo as marcas da luta pela
Reforma Agrária e da luta das mulheres camponesas por seus direitos.
O
diálogo a cerca da luta das mulheres camponesas pela Reforma Agrária, além de
nos trazer à discussão sobre a luta pela terra e a importância dos movimentos
sociais do campo que fazem essa luta, nos colocou diante do debate de gênero, o
qual se faz presente quando falamos em luta de classes. A luta pela Reforma
Agrária, mais do que a luta pelo acesso democratizado à terra, nos coloca
diante da luta por direitos, por qualidade de vida e por igualdade, e quando
falamos em igualdade, também falamos em igualdade de gênero, falamos na
necessidade de se construir a luta junto, homens e mulheres, sem opressões e
sem discriminações.
Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto:
Acervo da Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária). Da
esquerda para a direita, Ana Lúcia (MST), Alessandra Gomes (UFG) e Maria Meire
Carvalho (UFG).
Jornada Universitária
em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto: Acervo da
Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária).
No
quarto dia da Jornada, a mesa “Terra, Território e Luta por direitos” foi
realizada na Universidade Federal de Goiás (UFG), Regional Goiás/Campus Areião
e composta pela líder indígena Rosane Kaingang, pelo advogado do Conselho
Indigenista Missionário (CIMI), Rafael Modesto, e pelo coordenador nacional do
MST, Valdir Misnerovicz. O debate se deu a cerca da luta das minorias por
território e direitos, sobre a violação dos direitos dos povos indígenas e
sobre a luta dos movimentos sociais do campo, como o MST, pelo acesso a terra e
ao direito de plantar e produzir seu próprio alimento.
A Jornada Universitária em Apoio a
Reforma Agrária permite a ocupação dos movimentos sociais e o debate da luta
pela terra nas universidades. É importante para o processo de formação
política, crítica e social dos estudantes e para a construção de uma
Universidade Popular.
Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto:
Acervo da Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária). Da
esquerda para a direita, Rosane Kaingang, líder indígena; Sarah Fogaça (UFG);
Rafael Modesto (CIMI) e Valdir Misnerovicz (MST).
Jornada
Universitária em apoio a Reforma Agrária (JURA), Cidade de Goiás, 2015. (Foto:
Acervo da Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo, Residência Agrária).
Por Rafaela Oliveira de Souza
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